sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Comer peixe pode ajudar a prevenir cegueira, diz estudo

Os ácidos graxos ômega-3 contidos no peixe podem ajudar a prevenir a retinopatia, uma doença nos olhos que pode provocar cegueira em pessoas com diabetes e bebês prematuros, segundo um estudo publicado na quarta-feira (9) pela revista "Science".

A retinopatia é o desenvolvimento anormal de vasos sanguíneos na retina (que tem altas concentrações de ômega-3) e uma das principais causas da cegueira.

Os ácidos graxos da série ômega-3 desempenham papéis especiais nas membranas celulares do sistema nervoso, mas, como detectaram os pesquisadores, não estão presentes em quantidades suficientes nas modernas dietas ocidentais, repletas de ômega-6.

Estudos recentes demonstraram que o consumo em excesso dos ômega-6, concentrados em alguns alimentos gordurosos e na maioria de óleos vegetais, aumenta o risco de contrair certas doenças e aguça a depressão.

Os pesquisadores estudaram a influência dos ômega-3 na retina de ratos e descobriram que o aumento dos ácidos graxos deste tipo derivado da dieta limitou o crescimento patológico dos vasos sanguíneos denominados neovasos.

No caso dos bebês, os vasos sanguíneos da retina começam a se desenvolver aos três meses depois da concepção e completam seu desenvolvimento no momento do nascimento normal. No entanto, se o parto for muito prematuro, pode-se alterar o desenvolvimento do olho e os vasos podem deixar de crescer ou crescem de maneira anormal.

A aparição rápida e desordenada desses neovasos provoca graves perturbações como hemorragias no interior do olho e, em casos mais severos, glaucoma e descolamento da retina.

Os ratos alimentados com dietas ricas em ácidos graxos ômega-3 pela equipe liderada pela pesquisadora Lois Smith --oftalmologista do Hospital Infantil de Boston-- tiveram uma redução de quase 50% do crescimento dos vasos sanguíneos na retina, frente aos alimentados com dietas ricas em ômega-6.

"Nossas descobertas nos dão novas informações sobre como funcionam os ácidos graxos ômega-3, que os torna uma opção ainda mais promissora para atuar como agentes protetores", disse Smith.

Ela assinalou também que a capacidade de impedir o crescimento desses neovasos com ácidos ômega-3 poderia ajudar a reduzir os gastos em saúde.

"O custo dos suplementos vitamínicos com ácidos graxos ômega-3 é de aproximadamente US$ 10 por mês, frente aos US$ 4 mil mensais que podem custar os tratamentos anti-VEGF (crescimento endotelial vascular)", indicou.

Smith e sua equipe continuam estudando os lipídios beneficentes para a visão e pretendem iniciar uma nova via de pesquisa na busca dos ácidos graxos ômega-6 mais prejudiciais.

"Encontramos os bons, agora vamos buscar os maus", assinalou a oftalmologista. "Se encontrarmos os caminhos, talvez possamos bloquear seletivamente os agentes metabólicos negativos."

Nos Estados Unidos, a retinopatia afeta 4,1 milhões de pessoas com diabetes --um número que tende a dobrar nos próximos 15 anos-- e afeta muitos recém-nascidos prematuros.

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/873688-comer-peixe-pode-ajudar-a-prevenir-cegueira-diz-estudo.shtml

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Gordura no fígado atinge 20% do País - Esteatose Hepatica

A esteatose hepática, ou fígado gorduroso, avança no País em razão de maus hábitos alimentares

LAIS CATTASSINI - Jornal da Tarde

SÃO PAULO - Cerca de 20% da população brasileira tem gordura excessiva no fígado, segundo estimativa da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH). O problema, conhecido como esteatose hepática, já é uma das principais causas de cirrose no País e, se não for tratada, pode levar a um transplante do órgão.




A porcentagem de brasileiros que apresentam fígado gorduroso é alta: a diabete, uma doença considerada comum, por exemplo, afeta 12% do País. O problema, garantem os médicos, é que a maioria das pessoas nem sequer desconfia de que o fígado está doente, já que o quadro não provoca sintomas.

Por causa da gravidade da situação, a SBH planeja para 2011 criar um dia nacional de combate à esteatose, em parceria com outras sociedades e associações que também lidam com pacientes que têm a doença, como a Sociedade Brasileira de Cardiologia.

“É uma doença que tem tido cada vez mais importância e causado um impacto grande na vida e na saúde dos pacientes”, afirma o gastroenterologista Roberto Carvalho Filho, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O diagnóstico não é simples. A ultrassonografia, usada para detectar a doença, deve ser feita por especialistas no problema e direcionada para encontrar a esteatose. Quem tem obesidade, hipertensão e diabete precisa redobrar os cuidados.

“É uma epidemia das mais silenciosas. Todo paciente que tem sobrepeso, alteração no colesterol e é sedentário deveria fazer uma avaliação do fígado”, diz o presidente da Sociedade de Hepatologia, Raymundo Paraná. “Ninguém sabe como evolui. O fígado não dói, a pessoa não tem sintomas.”

Ainda que o problema seja mais comum em adultos, sobretudo após os 40 anos, a prevalência alta em adolescentes começa a chamar a atenção dos médicos. Metade dos 300 jovens de 15 a 19 anos analisados em 2009 pelo Grupo de Estudos da Obesidade da Unifesp apresentava esteatose. E a culpa, garante Carvalho, é dos maus hábitos alimentares e do sedentarismo.

O problema é ainda mais frequente em quem costuma engordar na região abdominal, mas pessoas que parecem magras também podem ter o fígado doente. “Às vezes, a pessoa tem barriguinha, não muito óbvia, mas isso é um sinal de alerta”, diz Paraná.

A esteatose tem três graus de gravidade, que variam de acordo com a quantidade e proporção de gordura no fígado (veja no desenho ao lado). O grau 3, com mais de 90% de gordura, representa a cirrose – ou seja, a inflamação grave do órgão.

Segundo Paraná, até 20% dos pacientes que têm esteatose desenvolverão o quadro mais grave da doença. Nesses casos, a doença pode evoluir para a necessidade de transplantes. “Sem tratamento, a doença pode, sim, chegar a esse ponto”, garante Carvalho, da Unifesp.

A gordura acumulada no fígado vem essencialmente da alimentação: carne vermelha, salgadinhos, frituras e biscoitos recheados são alguns dos itens que costumam conter índice elevado da substância.

http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,gordura-no-figado-atinge-20-do-pais-,678172,0.htm